sábado, 16 de janeiro de 2010

José de Alencar e a Trilogia indiana: "O Guarani", "Iracema" e "Ubirajara"...

















José (Martiniano) de Alencar (Fortaleza, 1 de Maio de 1829 - Rio de Janeiro, 12 de Dezembro de 1877) foi um jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro.
Formou-se em direito, iniciando-se na actividade literária através dos jornais Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro.
Nasceu em Messejana, na época um município perto de Fortaleza. A família transferiu-se para a capital, Rio de Janeiro, e José de Alencar, com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar.
Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios na Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de Direito em 1846.


Fundou, na época, a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo "Questões de estilo".
Formou-se em direito, em 1850, e estreou-se como folhetinista no Correio Mercantil.
Em 1856 publica o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857.
Mas é com O Guarani também em 1857 que alcançará notoriedade.









Estes romances de José de Alencar foram publicados todos em jornais e só depois em livros. (Lembram-se do romance "A Mulher de Branco" de Wilkie Collins, de que falei ontem? Foi também, antes, publicado em folhetim.)

José de Alencar foi talvez ainda mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista:
Iracema (1865) e Ubirajara (1874).
(esta notícia biográfica foi tirada da Wikipedia)
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Lembrei-me destes livros quando encontrei uma velha edição que tinha pertencido à minha mãe, quando muito jovem, do romance Iracema.

Recordei logo os outros que lera dele muitos anos atrás!
Ou os que não li, como "A Senhora"...







Iracema, a virgem dos lábios de mel, Ubirajara, o jovem senhor da lança, Guarani, e A Pata da Gazela (que conta de modo irónico a paixão de um jovem por uma donzela porque ela tinha um pé pequenino) li-os todos nessa altura...


A chamada "Trilogia Indiana" é formada pelo conjunto desses livros Guarani, Iracema e Ubirajara, tendo iniciado a série com Guarani.

Publicado em 1857, o livro Guarani foi um dos marcos mais incríveis da literatura brasileira e é considerado a obra-prima do indianismo brasileiro.
A história passa-se em 1604, no estado da Paraíba.

O índio Peri, elevado à condição de herói, renega a própria raça em defesa da meiga e bela Ceci, filha de portugueses.
Além de O Guarani, José de Alencar escreveu outros dois livros classificados também como romances histórico-indianistas, como já vimos: Iracema (1865) e Ubirajara (1874).

Nessas obras o autor aborda a visão do "bom selvagem" - o indígena puro, nascido bom. Os índios, a população autóctone do Brasil, tupis, guaranis, bororos, tocantins e tantos outros -são aqui vistos como os representantes de pureza e integridade.
O que contrasta com a perda da pureza, ou mesmo a dignidade perdida, do mundo civilizado europeu, devido à ganância e à falsidade.O romance Iracema (lenda do Ceará) é considerado uma "epopeia" da literatura romântica, uma explicação poética sobre a origem do Ceará, ligada à personagem da bela índia. Iracema é -se repararem- um anagrama de América.

O romance, quase um poema, conta o amor de um branco, Martim Soares Moreno (*) por Iracema, a "virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna".

Ela era filha do chefe guerreiro dos tabajaras, Araquém, o velho pagé. E era uma "vestal" (como as vestais da Grécia antiga), jovem cuja virgindade fora consagrada a uma divindade para guardar o segredo de Jurema (uma bebida mágica usada durante os rituais religiosos).

Mas o destino...

Verão o que acontece se encontrarem o livro, é uma leitura que vale a pena.

(Segundo vi nas minhas procuras, o livro faz parte das leituras "vestibulares" -o equivalente ao nosso 12º anono Brasil. Ainda bem que essa escolha é cuidada no Brasil! Mais uma vez se prova que os brasileiros têm bom gosto e sabem escolher o que é bom. Devíamos pôr os olhos no país irmão, muitas vezes...)
O terceiro livro da trilogia, Ubirajara (1874) tem como protagonista o índio Ubirajara (antes, Jaguarê).
Jaguarê, jovem caçador araguaia, procura noutras terras um inimigo com quem possa lutar, pois se conseguisse levar um prisioneiro para sua "taba" alcançaria o título de guerreiro.

Mas em vez de um guerreiro da tribo inimiga dos tocantins, ele encontra a índia tocantim de nome Araci, filha do chefe da tribo.



Ela conta-lhe que na sua terra existem cem guerreiros que a vão disputar em casamento e convida Jaguarê para ser um desse pretendentes.

Ao longo do romance, Jaguarê vai crescendo, aprendendo, vencendo dificuldades, cumprindo ritos de passagem, ganhando vitórias até atingir a maturidade e a "condição" de Ubirajara, valente guerreiro, "o senhor da lança".
Neste enredo aparece o "primeiro termo" da "tríade indianista" de José de Alencar, onde a personagem principal é um índio brasileiro puro, que ainda não se corrompeu em contacto com a cultura europeia.
Penso que vão adorar estas leituras, como eu adorei. São livros que se lêem sempre!
Sugiro que talvez possam procurar os exemplares na Livraria Lumière, -osque vivem no Porto, claro. Ou em bons alfarrabistas. Ou -talvez mais simples e cómodo- nas diversas livrarias online, na hoje indispensável internet...
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(*) Martim Soares Moreno, Capitão-mor do Ceará, (Santiago do Cacém, c.1586 — Portugal, após 1648), foi um militar português que defendeu os interesses da coroa lusitana no Brasil, tendo durante décadas combatido piratas franceses e invasores holandeses

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