quinta-feira, 10 de março de 2011

Homenagem a Lou Reed, ao "Chico Fininho" e aos "good old times": um pouco de humor em tempos cinzentos...


http://www.youtube.com/watch?v=4p_cXfdz8Hw


Ontem ouvi numa TV francesa, talvez a Arte um “rapista” (nojento) cantar uma pseudo-canção-de-protesto (não era essa a função do “rap” na América? Protesto pela condição dos deserdados negros, das minorias imigradas, dos jovens de bairros pobres, latino-americanos sem eira nem beira??

A ouvir aquela lenga-lenga e as imagens-vídeo que o acompanhavam, pensei que “tudo” era tudo e o contrário de tudo: era o “despejar” de um machismo larvar, ordinarice barata, agressividade banal...

Pobre “mulher-objecto”: parafraseando o grande Guerra Junqueiro, digo:

“E as miúdas, Senhor? Por que lhes dais tanta dor?/ por que padecem assim?!”

E, calculem!, veio-me à ideia o Chico Fininho!

Uuuuuuuh, Chico Fininho!

Alguém se lembra ainda do “Chico Fininho”? O célebre “freak da Cantareira”, aos SSSS pela rua abaixo, aflito com os joanetes?

Há tantos anos que não me lembrava dele...

Pensei: ao pé deste chorrilho de imbecilidades (as de hoje, como as de ontem...), ele era o “James Bond” do quartier, do Bairro Alto, ou lá do que fosse!

Foi uma pedrada no charco daqueles tempos de fados e remelgadas várias, letras de choradinho ligeiro, a cançoneta melada em que as letras eram a maior das banalidades desta vida...

E também a maior aldrabice:

Numa casa portuguesa fica bem/pão e vinho sobre a mesa/ e se à porta humildemente bate alguém/senta-se à mesa co’a gente”...

Vinho ... deviam ser os 5 litros a que tinha direito um trabalhador, por dia, para ele e para a família: as “sopas de cavalo cansado” que dava aos filhos, mais à mulher, com uma sardinhita assada...

E falavam ainda dum “caldo verde, verdinho/ a fumegar na panela...”

Xaropada hipócrita...

E, de repente, chega o Chico Fininho do Rui Veloso!

Como o “Zorro” da canção...

Chegava o “rufia” Chico Fininho e fazia desabar o tecto da casinha portuguesa, entornava a malga de “caldo verde” mais a broa...

Eram os tempos do Lou Reed -o grande Lewis Allen Rabinowitz!-, dos The Velvet Underground, do speed, da flipagem, das "trips", das fugas à "judite" & etc...

Tudo era melhor do que a pasmaceira daquelas canções!

Assustava os que “humildemente” (meu Deus, porquê "humildemente"?!) batiam à porta e não deixava entrar ninguém!

Toda essa falsidade morna ia por água abaixo...

O Chico Fininho não enganava ninguém!

Da Cantareira à Baixa/ da Baixa à Cantareira/ Chico Fininho é o ás...”

Já não me recordo da letra, mas era um herói!

Agora, rio-me às gargalhadas!

Imagino o Chico Fininho.

Por onde andas, ó Chico Fininho?

Vem animar esta gente!

Bem precisam...

P.S.

Consegui descobrir a “letra”!

Chico Fininho

(música de Rui Veloso/letra de Carlos Tê)


Gingando pela rua
Ao som do Lou Reed
Sempre na sua
Sempre cheio de speed
Segue o seu caminho

Com merda na algibeira
O Chico Fininho
O freak da Cantareira

Chico Fininho
Uuuuuuh uuuuuuh

Aos sss pela rua acima
Depois de mais um shoot nas retretes
Curtindo uma trip de heroína
Sapato bicudo e joanetes

A noite vem já e mal atina
Ele é o maior da Cantareira
Patchuli borbulhas e brilhantina
Cólica escorbuto e caganeira

Chico fininho
Uuuuuuh uuuuuuh

Sempre a domar a cena
Fareja a judite em cada esquina
A vida só tem um problema
O ácido com muita estricnina

Da cantareira à baixa
Da baixa à cantareira
Conhece os flipados
Todos de gingeira

Chico fininho
Uuuuuuh uuuuuuh...

http://www.youtube.com/watch?v=wxwhHiDmXao&tracker=False

http://www.youtube.com/watch?v=EnX_zNkB7R8&tracker=False

2 comentários:

  1. Gosto muito do Lou Reed, muito mesmo!
    O Rui Veloso já teve melhores tempos como esse do "Chico Fininho"!

    Tudo o resto que foca com graça passa rápido e não fica!
    Beijinho. :)

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