quinta-feira, 14 de junho de 2012

Lewis Carroll e alguns artistas do seu tempo

Alice, ilustrações de John Tenniel

Charles Lutwidge Dodgson - mais conhecido pelo pseudónimo de Lewis Carroll. nasceu em Daresbury, no dia 27 de Janeiro de 1832, e morreu em Guildford em 14 de Janeiro de 1898.

a Ponte dos Suspiros, em Oxford

Escritor, poeta, e matemático, inglês, estudou no colégio  Rugby and Christ Church, de Oxford, um dos muitos "College" que constituem a Universidade de Oxford. Antes, estudara em Richmond.

Mais tarde (1855), sempre em Oxford, ensinou Matemática no Christ College.

Ficou conhecido pelos dois livros: Alice no país das maravilhas e Alice através do espelho.

desenho de John Tenniel


as meninas Liddell, fotografadas por Lewis Carroll, 1859

Em 1862, num passeio de barco numa quente tarde de Verão, com as filhas, adolescentes, de Lorine e Henry George Liddell,  Lewis começa a contar  Alice Liddell uma longa história que terá desenvolvido mais tarde, para Alice ler.


Alice Liddell, em 1872 (fotografia de Cameron Pomona)



De facto, preferia a companhia das crianças e gostava de lhes contar histórias e de as fotografar. Lewis foi um bom fotógrafo cuja "arte" estudou com o amigo Reginald Southey.
Lewis Carroll, auto-retrato fotográfico


Reginald Souyhey, fotografia de Lewis Carroll


Criança, Lewis Carrol fazia ilusionismo, brincava e inventava histórias com marionetes. Uma imaginação sem limites e a atracção pela infância que não quer deixar para trás são as suas características maiores.

Alice no País das maravilhas, filme de Tim Burton

Como Alain-Fournier, à procura da infância "maravilhosa",  perdida?

O mundo "encantado" que se  não se quer perder!

Como  Georges Bernanos que não queria “perder a criança que existia dentro dele”;


Ou J.D. Salinger e a sua recusa de crescer para não ficar como os outros, "apenas velho"; 


Ou Tomaz de Figueiredo e o seu mundo perdido, no belo conto “O Muro Amarelo”;


Ou Branquinho da Fonseca, "capitão" e os seus “piratas”, no livro "Bandeira Preta"...

E quantos mais?

De modo diferente, claro, pessoal: outra poesia, outra história, a escolha de uma forma de deformação. Ou de alegorias...

Alice no país das maravilhas” tem um grande sucesso, ao ser publicada,  em 1865.

Lewis Carroll começa a interessar-se mais pelos ambientes intelectuais e  pela vida dos artistas que o rodeiam.


Durante anos é amigo da actriz shakespereana Ellen Terry: Dame Ellen Terry, pois foi galardoada com a GED: Grand Cross of British Empire.


É considerada a melhor intérprete de Shakespeare, de todos os tempos.

Dame Ellen Terry, por G.F.Watts, seu marido

George Frederick Watts, auto-retrato quando jovem


Foi  amigo de George Frederick Watts, marido de Ellen Terry, pintor simbolista inglês.
George Frederick Watts

Aproxima-se do Círculo dos pintores Pré-Rafaelitas. 


Gabriel Rossetti, quadro de Watts

Conhece Dante Gabriel Rossetti, o pintor, e torna-se íntimo da família dele.
Ellen Terry, pintada por George Frederick Watts (1864)

"Mrs. G.F. W" (Ellen Terry), pintura de Watts (1888)

Terry e a irmã, pintadas por G.F.Watts

Ellen Terry, em "Macbeth", pintada por Singer Sargent


Cria relações de amizade igualmente com John Everett Millais e William Holway Hunt.

J.Everett Millais, retrato pintado por Watts

Encontra-se com John Ruskin em 1857 e tornam-se amigos.

Aproxima-se do Grupo  de Brandbury de que faz parte a escritora Virginia Woolf.

E continua a escrever. Em 1871, publica “Alice através do espelho”, continuação da primeira história.
Alice trought the looking glass (1871)


Trata-se de uma espécie de reverso no espelho das histórias de Alice.

The Bargeman
Lewis vai morrer em Guildford.


 Ali,  não muito longe da bela escultura do Bargeman -cujo autor desconheço- , à beira do rio Wey, está a estátua de Alice mais a irmã, no chão, a lerem.



Alice acabara de descobrir o Coelho, e perde-se na contemplação. A irmã fixa o livro, entretida na leitura.

No Castelo de Guidford, descobrimos outra vez Alice, imortal como o seu autor, agora a atravessar o espelho...
Alice e o espelho, no parque do Castelo de Guildford

Alice, o Coelho Branco, as cartas de jogar no baralho louco, o Cavaleiro Branco e o Cavaleiro Vermelho do tabuleiro de xadrez.
Pintura de John Everett Millais, Sir Isumbra - que muitos pensam ser O "Cavaleiro Branco"

A invenção desenfreada e a infância. O outro mundo. A outra face da realidade. A imaginação. 


O deslumbramento da alma infantil.

O fascínio da infância que Lewis Carroll queria preservar.  “Nunca serei uma pessoa crescida!”, protestava ele.
"A esperança", de George Frederick Watts

Penso que, pensando nele, nas suas histórias, devemos ter a esperança de não perder a nossa ingenuidade "infantil", a nossa juventude de espírito!


6 comentários:

  1. Gostei de ler. Tem aqui imagens muito bonitas. Dá gosto ver.
    Vi o filme do Tim Burton (em 3D) e gostei muito.

    Também quero conservar um pouco do ser da infância. Não quero ser "apenas velha". Recuso-me!

    Um beijinho e obrigada por mais um interessante post.

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  2. Ó Isabel! Tu nunca serás velha! Não foste, não és, não serás! Tens a curiosidade e a abertura que impede a velhice de entrar!
    beijinhos

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  3. Subscrevo inteiramente as palavras da Maria João em relação à Isabel!
    Quanto a Lewis Carroll, sou uma apaixonada. Tenho muitas edições e em várias línguas. Talvez um dia faça uma exposição... Adorei o post.
    Um beijinho e saudades (muitas)!

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  4. Claro! Ela é uma eterna jovem!
    Faça a exposição! É tão interessante tudo isto! Fiquei a saber muito mais...
    Um beijinho e (muitas) saudades também!

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  5. "Realmente Alícia é uma revolucionária, não há nenhum aspecto do mundo victoriano que escape incólume ao seu olhar escrutador..." ( Jaime de Ojeda, no prefácio da edição espanhola que eu tenho, de 1970, e que me apeteceu reler agora, a raiz do teu bonito post).
    Todos levamos dentro a criança que fomos e procuramos que não se destrua nunca o seu mundo glorioso e puro.
    Beijinhos

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  6. MJ,
    Que bom que regressou. Já não tem as três graças de Botticelli mas esta pintura dele também é bonita!
    Gosto muito de Lewis Carrol e da sua Alice no País das Maravilhas. Tenho duas ou três edições diferentes da história.
    Uma bela postagem onde os pré-rafaelitas têm lugar. Gostei de tudo e claro do Depp, também.

    Fico feliz por ter resolvido o problema.
    Beijinhos! :))

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