terça-feira, 14 de agosto de 2012

LIVROS POLICIAIS DE VERÃO... RUTH RENDELL

série da BBC, em vídeo



 Voltei aos  “meus” policiais. É crónica esta minha mania de ir buscar uma intriga policial que me deixe abstraída de tudo o resto. 

Há tanto para abstrair, naquele mundo. Descobrindo coisas que sabíamos e continuando “dentro” de tudo o resto, do mundo de todos os dias.


Ruth Rendell




Leio de R.R um livro de 2007, “Not in the flesh”. Gosto de ver o tempo passar nos livros dela, vendo as personagens principais “crescer”, envelhecer...

Vemos o culto inspector Wexford, da Kingsmarkham Police Force, “mudar”, ter o seu problema de bebida, e um AVC, curar-se, preocupar-se com as  filhas, que escolheram com demasiada liberdade, acha ele, as suas vidas. 

Uma, que não estudou, complexada e cheia de filhos, cujo marido ele acha um parvo porque a devia meter na ordem, e a outra, solteira inveterada, e actriz de teatro, bela e famosa.

A paciência da mulher de Wexford já é tradicional nestes livros. Mais  as suas tentativas para encontrar o equilíbrio - sempre instável-, entre pai e filhas e conseguir lidar com aquela família cheia de problemas. 

No fundo, os problemas normais, de todos nós e das nossas famílias. É disso que eu gosto nela. 

Vemos  o seu ajudante e “vice”, o jovem Burden, e o drama da morte da mulher, muito jovem, e o novo casamento - porque já não aguentava tomar conta dos dois filhos, sozinho. 
os actores da série da BBC que fazem de Burden e Wexford

Lá está a teimosia do primeiro e o convencimento do segundo.
O ar clássico e desinteressado por todas as modas de  Wexford, e o ar moderno de Burden.

Vemos a bela e eficiente ( e sempre politicamente correcta) sargento-ajudante, Hannah Goldsmith, que adora o chefe, feliz pelo noivado com  o ex-colaborador de Wexford, Bal Bhattacharya.

O encontro de culturas e tradições diferentes não impedem essas relações afectivas.

Fala de tudo RR, sem hesitações nem estados de espírito: dos imigrantes indianos ou quaisquer outros orientais a que os ingleses chamarão sempre “pakis”, ou os negros que serão toda a sua vida “somalis” ...

E, nas entrelinhas, passam as histórias das aldeias – ou pequenas cidades que lembram as aldeias -, com a sua coscuvilhice à flor da pele, o racismo, as denúncias indirectas, com as cartas anónimas e todos os ressentimentos, frustrações e complexos, as obsessões e a malevolência que as pessoas têm por aqui e por ali. 

Porque tudo se assemelha, e se repete, por aqui e por ali, nada de ilusões!...

De facto, neste romance perpassam esses “defeitos” dos seres humanos. “Tutto il mondo è paese” (o mundo é todo uma pequena aldeia), dizem os italianos e têm razão: por aqui e por ali, as pessoas são idênticas... 

No fim e ao cabo, o que pode “salvar” as pessoas destas mexeriquices e racismos mais ou menos embrionários ou latentes é a “elevação” pela cultura e pela educação, não tenhamos dúvidas.

E Ruth Rendell “enfrenta” corajosamente esses temas; o que se passa com os imigrantes, quais as relações entre comunidades étnicas diversas. E as relações da polícia com essas mesmas comunidades estrangeiras. 

Está lá tudo...

2 comentários:

  1. Pois è! Jà sabia que a escritora é uma das tuas preferidas! Buon Ferragosto MJ!

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  2. E não há dúvida! Já contagiou o Poeta, para esse gosto por policiais...
    (Parece que o ouricito ainda não...)

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