domingo, 8 de junho de 2014

Ainda o Desembarque da Normandia e os filmes!

Passaram 70 anos sobre o Desembarque da Normandia, que foi em 6 de Junho de 1944.
Era o fim ou o começo do fim de Hitler. Foi um momento de solidariedade total, de abnegação dos que vieram do cabo do mundo para salvar a Europa em chamas. A arder por obra do nazismo. Quantos morreram nesta operação Overlord? Quantas dezenas de milhar de mortos? Quantos, vindos do Canadá, da Noruega, de Inglaterra, da América, não voltaram a casa…
Nas comemorações do dia 6 e 7 passados, em França, apareceram alguns (já muito poucos) sobreviventes. 



Nos sorrisos ou nas lágrimas, estavam patentes o orgulho, a dignidade que dá o sentimento de se cumprir um dever em favor dos outros. Salvaram a Europa do jugo nazi! Não é pouca coisa… Recordar, para eles, é também um pouco duro!


6 de Junho de 2014, os veteranos descem até à praia

Conto uma história engraçada que vi num tele-jornal francês: a de um veterano que fugiu da Casa de Repouso onde vive, em Inglaterra, e veio, sabe-se lá como, sem avisar a família. 

Andou a Scotland Yard à procura dele? Andou. Mas ele conseguiu embarcar,  no ferry que atravessa a Mancha, e chegou às costas da Normandia, com outros ingleses. 


Entrevistado, ria-se todo contente por ter realizado o sonho de vir ali, 70 anos depois, recordar, saudar os últimos, pensar nos mortos. A mulher que ficou em Inglaterra, dizia depois: “Não estava preocupada, quando começa a chegar esta altura, dá-lhe sempre esta mania…”
Período tão negro da nossa história! Que não vivemos se não pelos filmes ou pelos livros. Período que deu origem a uma série de filmes de guerra, alguns magistrais. Por eles, aprendemos também o valor do sacrifício por um ideal, sentimos o “medo” e a “coragem” desses homens que se levantam contra a destruição da cultura e dos valores, contra um imperialismo de loucos.

Ontem vi o filme «The Monuments Men", em português "Caçadores de Tesouros". O  filme saiu em Lisboa em Fevereiro 2014 e a realização é de George Clooney (1), baseado no livro de Robert M. Edsel.


Não é o filme de Robert Aldrich (The Dirty Dozen, 1967), intitulado em português Doze Indomáveis Patifes.






Com grandes actores fantásticos como Lee Marvin, Charles Bronson ou Lee Marvin,  Ernest Borgnine, Teddy Savallas ou ainda John Cassavetes e Donald Sutherland.


Nem é “O Resgate do Soldado Ryan”, de Spielberg (Saving Private Ryan, 1998), com o seu realismo brutal, o monumentalismo e os efeitos especiais - e a veracidade cuidadosa dos factos. 

Saving Private Ryan, o Desembarque



Mas dá-nos a conhecer uma face escondida do problema: os homens que salvaram as obras de Arte maiores da nossa cultura europeia, que os nazis estavam a levar. 

a realidade... e a ficção...

Homens que foram destacados em Inglaterra, América e França para, na França ocupada, tentarem salvar a Arte! As obras de Arte que iam sendo roubadas dos museus e das igrejas e iam sendo encaminhadas para a Alemanha, pelos nazis. 

Ou soterrada em minas de sal ou de cobre na Áustria. As quais, caso Hitler perdesse a Guerra, seriam destruídas. Como tantas o foram: queimadas com lança-chamas, pinturas de Picasso ou Marx Ernst e de outros pintores considerados “perniciosos” por Hitler.

a realidade...

História entre a ficção e a realidade, melodrama das histórias individuais -desenhadas num fundo de tragédia verdadeira -o da IIª Guerra Mundial- os “homens dos monumentos”, caçadores de obras de arte roubadas, avançam, sem fraquejar... 


a ficção 

Os alemães tinham sido vencidos na frente russa, pelo Exército Vermelho (Batalha de Stalingrado), entre 1942 e Fevereiro de 43.


 Stalingrado, libertada

A ideia agora era evitar que a Alemanha mantivesse a Europa ocupada. Assim, acontece o Desembarque na Normandia (missão fracassada em 1942).


operação "nas mandíbulas da morte"...

E o filme corre e nós corremos atrás dele.

Baseado na história da maior caça ao tesouro de sempre, centra-se num improvável pelotão da Segunda Guerra Mundial, enviado para a Alemanha a fim de resgatar grandes obras de arte de ladrões nazis e devolvê-las aos seus legítimos proprietários.” (wikipedia)


Missão impossível? Talvez não. Vários conhecedores de arte, americanos, ingleses e franceses - pessoas experientes  e estudiosos são recrutados e entram numa espécie de exército das sombras. da Especialistas da escultura de Michelangelo à Arte Medieval, do Renascimento ao Impressionismo, do Surrealismo ao Cubismo, são chamados.  

Leio no Público de 11/11/2013, aquando da rodagem do filme:
"Uma pequena unidade militar formada por académicos ligados à arte e jovens directores e conservadores de museus, mais habituados à escultura clássica, a manuscritos antigos e à pintura do Renascimento do que a metralhadoras, barricadas e quartéis. A guerra estava perto do fim, mas isso não significava que os tesouros da cultura europeia estivessem fora de perigo, muito pelo contrário." (2)

A Madonna de Bruges, de Michelangelo


A guerra está para acabar, mas, com ela, "vão desaparecer" as maiores obras de Arte que os nazis foram recolhendo para um hipotético Museu de Hitler, um desejo que ele tinha: fazer um Museu na sua cidade natal, Linz, na Áustria. Desaparecerão se ninguém conseguir encontrá-las antes.




"Um dos maiores triunfos desta brigada foi a descoberta da mina de sal de Altaussee, na Áustria: no interior da mina, e ao longo de mais de 56 quilómetros de túneis, Hitler escondia mais de seis mil obras de arte, como se pode ver nesta fotografia dos National Archives and Records Administration."


John Goodman

Neste filme, os actores são o próprio George Clooney, Bill Murray, Hugh Bonneville, Jean Dujardin, John Goodman, Matt Damon e Cate Blanchett.

Cate Blanchett e Bill Murray


Jean Dujardin e George Clooney

"Nessa corrida contra o tempo para evitar a destruição de 1.000 anos de cultura, os chamados Caçadores de Tesouros arriscam as vidas, para proteger e defender as melhores obras criadas pelo homem."

O que é a Cultura? Vale a pena sacrificar vidas pela Arte? A resposta é sim, porque é o único modo de os homens preservarem a sua própria identidade!

Retrato de um jovem (auto-retrato)  de Rafaello


Alguns morrem na acção, mas todos contribuíram para salvar obras como a Madonna de Bruges, escultura de Michelangelo, ou o Retábulo de Gant, maravilha da pintura medieval, ou pinturas Renoir, Rafaello, Cézanne, Rembrandt e Vermeer. 
Descobriram Da Vinci, Botticelli, Degas, Matisse que teriam sido perdidos definitivamente...



((1) George Timothy Clooney (nascido em Lexington, a 6 de Maio de 1961) é um actor e realizador de cinema e de televisão, norte-americano. 
(2) http://www.publico.pt/cultura/jornal/estes-historiadores-de-arte-foram-a-guerra-27384074



"The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros" - Trailer Oficial Legenda...


Ainda o roubo de obras de arte pelos nazis, durante a ocupação:

"Morreu há pouco (em 6 de Maio de 2014) Cornelius Gurlitt que detinha uma colecção de obras de arte roubadas durante o período nazi e adquiridas pelo pai, um marchand de passado turbulento sob o regime nazista (1933-45). Gurlitt assinou um acordo com o Estado alemão para restituir as obras provenientes da espoliação de judeus aos seus herdeiros legais.”

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